domingo, 19 de outubro de 2014

apaga a luz e dança













Com o estômago aconchegado de alimento, angustio-me, no meu perfumado e aprimorado quarto, praguejo, numa guerra que não existe, elimino-me. Na mais confortável cama, sem perigo de cair, de colchão no chão a tendência é esmurrar a queda, depois do chão haverá sempre motivação para cavar em vão. Nada será suficiente, nunca. Apenas e só após todas as portas do medo se escancararem entre correntes de ar de abismos, aí, não mais ateu suplicarei uma última oportunidade. Mal acorde não me lembrarei, tudo farei para esquecer esse percalço de erro, de medo, de suplício, de vergonha alheia perante a minha própria divindade que sou eu em todo o meu esplendor, mais que qualquer Deus salvador. De dor aceite, com a morte em deleite, aceito todas as torturas praticadas neste corpo cheio de saúde e bem-estar. De que te queixas tu menino? Apaga a luz e dança. 

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Marquês de Pombal






















Nunca se viu tanta gente como agora, são aos magotes tipo pombos, animal este não andasse em bandalheira e seria um pássaro mais nobre, o problema deles é serem muitos. Estamos cansados de pombos e de pessoas, e queixamos-mos uns dos outros, porque vivemos uma crise de excesso, nunca como agora vimos tantas projecções de Egos esborrarem-se-nos na testa. As pessoas sempre estiveram aí, já os pombos penso que tenham sido inventados pelo Marques de Pombal, era nisto que acreditava em criança quando assimilava a baixa pombalina e o saco de grãos que o meu tio comprava a um dealer do milho. Já as pessoas sempre estiveram presentes e com éne hastags possibilidades de se mascarar de outras coisas, nunca contudo de hastag, pois ainda não existia o conceito e só podemos sofrer de Alzheimer depois do Sr Alzheimer ter inventado a sua existência, mas tinha que se cheirar na rua tudo isso, escancarar com a cabeça na real má cara das pessoas e enquanto as internets desta vida não possuírem odores seremos eternamente enganados, burlas houve, há, e existirão no real e na fantasia (podemos chamar-lhe virtual também), contudo antes burlado pelo sabor do pão do que pelo marketing do padeiro,…somos hastags disto e daquilo, somos tudo isso e ainda mais sem limites tipo tarifário moche, somos Benfica, somos erguidos por verbos de pertença, somos Portugal, somos isto e aquilo e o seu contrário também, estupidificados na valorização do alto do nosso conhecimento sobre o mundo e principalmente sobre as pessoas, pois nunca como agora nos achámos cheios de tanta razão, sem nos permitirmos ou que se permitam no meio dela, matamos a possibilidade do universo ao racionalizarmos essa mesma possibilidade, pior que isso, já ninguém lê este texto até ao fim e anseia conhecer o artista, antes tivesse no inicio umas mamas ou o Goucha com um gatinho.  


domingo, 29 de junho de 2014

Rainhas da Pedra



























De Pedra lascada pontas de lança rijas que nem mamilos espetam bocas sedentas de nutrição. Erguemos toneladas e homens há milénios nos nossos ventres. É essa a nossa função. Erguer-vos. Depois de erectos, paridos neste mundo como menires, de orientação celestial, é triste ver que aquele pénis já não jorra nem chora por mim, virou serpente da sapiência moldável ao jogo da matéria, com malabarismos mundanos engana-se constantemente nas suas armaduras de betão. Eloquência adaptativa como a coluna de uma serpente, procura novamente ser firme como uma rocha.


terça-feira, 13 de maio de 2014

Homo - Diamante (HR Giger)






















Nunca gostei do teu traço, da tua imagética, via-te como um freak grotesco que chocava pela estética pornográfica, mas cedo vi nos teus desenhos o Futuro que assombra meus pensamentos. Continuo a não gostar da tua estética e muito menos dos pensamentos que criaste em mim, por isso te respeito imenso. O teu legado é permitir-me perceber e lutar para que nunca seja legado para lá da obra. Criaste em mim a noção do Homo-Diamante que tanto abomino como idolatro, essa necessidade intrínseca no Ser-Humano de materialização da eternidade hedonista. O dito processo cientifico-ò-evolutivo da medusa, estrela do mar, reptiliano, australopiteco, habilis, sapiens-sapiens.  Cidades-Indivíduos com memória assente na cadeia genética de toda a humanidade que regozija, agora, orgasticamente de prazer constante num planeta morto. A Meta-Ciência como fim indestrutível da redundância angustiante que é/era a Morte. Já não há morte, apenas circuitos fixos de upload e download de orgasmos constantes num sistema fechado à vida decadente do erro e dessa efemeridade erradicada, a MORTE. Por isso digo, e venha a nós a morte para que a vida continue, algures, aqui e ali para onde agora foste. Que a tua existência viva agora e plena nos planos mais claros que jamais serão pintados.