Com o estômago aconchegado de alimento, angustio-me, no meu
perfumado e aprimorado quarto, praguejo, numa guerra que não existe, elimino-me. Na
mais confortável cama, sem perigo de cair, de colchão no chão a tendência é
esmurrar a queda, depois do chão haverá sempre motivação para cavar em vão.
Nada será suficiente, nunca. Apenas e só após todas as portas do medo se
escancararem entre correntes de ar de abismos, aí, não mais ateu suplicarei uma
última oportunidade. Mal acorde não me lembrarei, tudo farei para esquecer esse
percalço de erro, de medo, de suplício, de vergonha alheia perante a minha própria
divindade que sou eu em todo o meu esplendor, mais que qualquer Deus salvador. De
dor aceite, com a morte em deleite, aceito todas as torturas praticadas neste
corpo cheio de saúde e bem-estar. De que te queixas tu menino? Apaga a luz e
dança.
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