Pinta
os lábios de sangue boi, e finge, que se fingires com muita força parece que é
felicidade, felicidade aguçada num dedal letal. Se gesticulares ninguém te
perceberá, se te esboçares em batom todos encantarás. Dócil serpente sobre ti recolherás
em embrião de homem subjugado penetrará. Bifurcada língua palavras brotará de
vazios lexicais que tentam explicar o porquê que o homem gira e o planeta
morre. Nascemos de múltiplas explosões, big-bang de estrelas, dos oceanos, de
sexo, de pó-meteorítico, de rocha e ferro. Nascemos desse ruído erótico. Só o
silêncio findará numa dança louca sem chão, e no fim, nunca haverá fim. A morte
não é o contrário de vida mas apenas uma continuação dela. (próximo post)